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Quantos tipos de Yoga existem?

A  palavra Yoga vem do sânscrito, da raíz verbal “yuj”, que tem o sentido de “união” e apesar de ser utilizada coloquialmente para se referir a práticas de posturas e exercícios físicos, na sua origem, pouco tem a ver com isso. E sem entender um pouco sobre o seu significado original podemos nos perder sem saber na realidade quantos tipos de yoga existem…

yoga vermelho

Atualmente existe um conceito amplo em torno da palavra “yoga”. Ela pode se referir a prática de posturas, exercícios físicos e meditações das mais diversas. Existe também um senso comum que o “yoga” tem como resultado saúde, bem-estar, redução de stress e autoconhecimento, mesmo que esse, seja confundido com algum tipo de processo terapêutico. Além do termo yoga ser vago, encontramos ainda diversos “tipos” de yoga, que na verdade, se referem a diferentes atividades para o corpo e a mente, como:

  • Hatha Yoga – Associado a prática de posturas e exercícios de respiração.
  • Raja Yoga – Relacionado a meditação e práticas de controle mental.
  • Bhakti Yoga – Associado a devoção, aos rituais, ao canto e a oração.
  • Karma Yoga – Associado a atitude na ação e aos valores humanos.
  • Dhyana Yoga – Relacionado a meditação, visualizações e contemplação.
  • Jnana Yoga – Associado ao estudo das escrituras.
  • Kriya Yoga – Associado ao equilíbrio energético através da prática de mantras em meditação.
  • Kundalini Yoga – Associado a desobstrução do fluxo energético no corpo.
  • Etc etc etc…

Cada termo por sua vez pode se desdobrar em mais um conjunto de classificações. O próprio haṭha yoga que se refere genericamente a prática de posturas, se apresenta dividida em vários ramos, cada um associado a um estilo de prática ou uma linhagem de professores como: haṭha clássico, aṣṭanga, vinyāsa, iyengar etc…

Essas classificações surgiram como uma maneira de apresentar um estilo de vida para as pessoas interessadas no autoconhecimento, contudo se a utilização da palavra Yoga já é vaga, os “tipos” de Yoga amplificam a confusão e dão impressão de que temos um “cardápio”de atividades para escolher. São tantos nomes e tantos termos que para quem está de fora fica difícil entender o que realmente é o Yoga.

Se analisarmos as opções apresentadas, retirando os nomes para ser mais objetivo, podemos resumir esse monte de categorias em 5 grupos de atividades: 1 práticas de posturas, 2 práticas devocionais, 3 exercícios de meditação, 4 atitude na ação e 5 estudo das escrituras. As práticas energéticas são apenas combinações específicas de posturas e exercícios de meditação, portanto não se faz necessária a separação das mesmas enquanto atividades.

Agora a questão é: será que realmente faz sentido ter que escolher entre essas 5 opções? Faz sentido dizer que quem é mais emotivo escolhe “o caminho da devoção”, quem é mais racional “o caminho das escrituras”, quem é mais ativo “o caminho da ação”, quem é mais contemplativo “o caminho da meditação”? E quem escolhe a prática de posturas é mais o que? Existe alguma pessoa saudável que não seja emocional, intelectual, contemplativa e ativa? E no final das contas, não faria mais sentido dizer que uma pessoa menos emotiva deveria procurar algo que a ajudasse a se abrir emocionalmente e não o oposto? Dizer que existem 5 opções para o desenvolvimento psicofísico de uma pessoa é ilógico, pois, todos os 5 aspectos estão presentes no indivíduo.

Segundo a tradição védica, esses grupos de atividades fazem parte do estilo de vida da pessoa que busca o autoconhecimento, e são totalmente interdependentes, pois, não é possível conceber nenhuma dessas atividades realmente separadas uma das outras.

A devoção, assim como qualquer outra emoção é dependente do conhecimento. Para amar alguém de verdade é preciso conhecê-lo e podemos dizer até que o amor é apreciação que nasce do conhecimento do outro. Se a escritura é o meio de conhecimento do Criador, como pode a prática devocional ser separada do estudo das escrituras? Sem a luz dos Vedas práticas devocionais por mais sinceras que  sejam, serão apenas cantos, sem um significado real.

Já o estudo dos Vedas não é possível sem uma mente preparada pela meditação. A mente superficial e desfocada do dia a dia não tem a profundidade necessária para apreciar os significado dos Vedas e muito menos a capacidade de lidar com as emoções necessárias nessa busca.

As emoções por sua vez são trabalhadas com a atitude na ação, nenhuma meditação pode substituir a capacidade do mundo de trazer a tona os nossos traumas do passado ou o amor, que sentimos por exemplo por um filho.

E por fim, para viver bem e saudável e para ser capaz de meditar, as posturas são fundamentais, não importa realmente o nome do Yoga que a pessoa faça. Essencialmente todo Yoga é o mesmo, tem paschimottanāsana para o sofrimento de todos e shavāsana para alegria de todos. Deve dar saúde, a capacidade de sentar corretamente sem perturbações e de trazer a mente a um estado contemplativo.

Assim, não podemos separar as atividades associadas a busca pelo autoconhecimento e muito menos existem “tipos de yoga” para serem escolhidos. A palavra Yoga é utilizada em sua origem para se referir ao preparo necessário para o estudo das escrituras e conseqüentemente ao autoconhecimento. Nos vedas ela aparece, em geral, classificando a palavra “mente”, fazendo o contraponto entre a mente dispersa, desconectada emocionalmente ou sem controle, com a mente focada, integrada, e objetiva. Daí surge a palavra “yoga”, como o conjunto de atividades que dão essa integração à mente e a palavra “yogi” como aquele que desejando o autoconhecimento adota o estilo de vida das escrituras composto dessas práticas – o yoga.

As atividades desse estilo de vida são como as “patas” de um mesmo cavalo, todas tem que estar funcionando em harmonia para que o yogi possa ter uma mente preparada e realizar sua  jornada espiritual.

sobre Michelle Rusche

Michelle Rusche é uma buscadora nata. Através da sua jornada interior vem desenvolvendo o seu propósito em ajudar as pessoas a trilhar o caminho da espiritualidade e do autoconhecimento. Jornalista, educadora ambiental, instrutora de yoga, realizadora do Portal Cosmos, entre outros.

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