O Conselho Indigenista Missionário – Cimi manifestou em nota no seu site, em julho de 2018, sua preocupação com a vida dos índios isolados Moxihatëtëa no Estado de Roraima que sofrem com a expansão do garimpo na região. Dois índios foram mortos e não se sabe quem foram os responsáveis, o que aumenta a preocupação com a proteção dessas comunidades indígenas.
A nota faz um apelo às autoridades, denuncia o risco de extermínio dos povos indígenas isolados na Amazônia e acusa o governo brasileiro de descaso e irresponsabilidade nas ações para impedir a invasão dos territórios dos índios.
Para se evitar o extermínio dos índios na região é preciso urgentemente a ação do Governo sob a responsabilidade da FUNAI e outros órgãos integrados na demarcação urgente das terras indígenas.
Os índios Moxihatëtëa foram avistados pela primeira vez em 2011 e tem um vídeo sobre eles na Netflix chamado Primeiro Contato: Tribo Perdida da Amazônia.
Abrace esta causa.
Veja campanha realizada na internet e compartihe!
https://www.youtube.com/watch?v=RHlrFbv6RQw
Historico
Era previsível, diante do aumento da presença garimpeira na Terra Yanomami, de total conhecimento das autoridades, que os indígenas isolados estavam sujeitos à violência dos invasores – ainda mais depois de denúncia semelhante, em 2017, sobre um possível massacre de indígenas isolados praticado também por garimpeiros, no rio Jandiatuba, na TI Vale do Javari/AM, até o momento não confirmada nem desmentida pelas autoridades.
Em outubro de 2017, constatando o avanço do garimpo na região da Serra da Estrutura, o MPF/RR fez um alerta de ameaça de genocídio do povo isolado Moxihatëtëa e moveu uma Ação Civil Pública, com pedido de liminar, contra a União, a Fundação Nacional do Índio (Funai) e o Estado de Roraima “para que sejam tomadas as medidas necessárias ao pronto restabelecimento das atividades permanentes nas Bases de Proteção Etnoambiental (BAPEs) das terras indígenas Yanomami […] com fornecimento de recursos materiais e humanos necessários para fiscalizar e inibir a ação de garimpeiros nas comunidades, bem como garantir o bem-estar da população local e a preservação dos recursos naturais das terras indígenas”[1].
É ainda mais alarmante constatar que não se trata de um caso isolado. A vida dos povos indígenas isolados está ameaçada em toda a Amazônia
Alerta semelhante foi feita pelo Cimi no Fórum Permanente da ONU para Questões indígenas, em abril deste ano: “Os invasores constituem uma ameaça constante à vida dos Yanomami considerados como de recente contato, e particularmente à vida do grupo Yanomami isolado conhecido como Moxi Hatëtëa, que habita a região da Serra da Estrutura”[2]. Além do risco de novas mortes violentas, a presença permanente e intensa de garimpeiros na região próxima aos Moxihatëtëa pode ser, ainda, um foco de enfermidades, como é o caso do sarampo, que alcançou recentemente o território Yanomami.
Nem o Judiciário, instado pelo alerta do MPF sobre o “perigo de demora da solução da demanda”, se pronunciou a respeito, nem o governo federal, que por expressa determinação constitucional (Art. 231) tem o dever de proteger e fazer respeitar todos os bens indígenas, tomou providências diante da gravidade da situação.
É ainda mais alarmante constatar que não se trata de um caso isolado. A vida dos povos indígenas isolados está ameaçada em toda a Amazônia. É o que pode ser constatado por exemplo como os Awá Guajá na TI Arariboia (MA), os isolados da TI Vale do Javari (AM), os isolados da TI Uru-Eu-Wau-Wau (RO), os isolados Kawahiva do Rio Pardo (MT), os isolados da região transfronteiriça do Acre com o Peru, os isolados da Ilha do Bananal (MT/TO), os isolados da TI Marmelos (AM) e os isolados da bacia do rio Tapajós.
A defesa da vida desses povos também é a defesa do futuro da Amazônia e de tudo o que ela representa para os demais cidadãos brasileiros, para a humanidade e para o planeta
Estes povos, dentro ou fora das terras indígenas, estão completamente expostos à invasão de garimpeiros, madeireiros, narcotraficantes, caçadores e pescadores, que encontram enormes facilidades de entrar nos territórios indígenas, e são ameaçados pelo avanço do desmatamento e de monocultivos, pela poluição dos rios com mercúrio e agrotóxicos, por queimadas florestais e pelos impactos de projetos de infraestrutura.
Essa realidade se agravou ainda mais com o corte drástico e sistemático dos recursos orçamentários destinados à Coordenadoria Geral de Índios Isolados e Recente Contato (CGIIRC) da Funai, que em 2018 são 70% menores em comparação com o montante disponível em 2014. Tal situação tem repercussão direta nas onze Frentes de Proteção Etnoambiental da Funai, paralisando ou limitando sobremaneira as ações de campo de suas Bases de Proteção (BAPEs).
Fonte: Conselho Indigenista Missionário